O padeiro mágico

O padeiro mágicoDylan Luder / unsplash

Você conhece o conto do Flautista de Hamelin ou Flautista Mágico? Aquela história infantil em que um homem, munido com sua flauta doce com poderes sobrenaturais, consegue arrastar atrás de si uma multidão de ratos. Então… Agora, pegue essa história, tire toda e qualquer parte trágica dela (ninguém morre afogado aqui, por exemplo), troque a flauta doce por deliciosos croissants, a suave e sedutora melodia pelo cheiro quente e atraente de um pão francês novinho e, principalmente, todos aqueles ratos asquerosos por leitores e leitoras que levam e trazem livros emprestados. Além do perfume de comida boa, adicione ainda algumas porções generosas de boas intenções. É mais ou menos assim que funciona a Biblioteca Livre Pão de Mel (Bibliopote), em Curitiba (PR). Mais ou menos.

Em 10 de julho de 2008, o jornalista Alessandro Martins decidiu juntar cerca de 50 livros seus que gostava, organizá-los dentro de dois refrigeradores desativados de uma padaria que frequentava bastante e disponibilizá-los para quem quisesse pegar emprestado. Simples assim. Sem cadastro, carteirinha, multa, tempo para devolver e nem mesmo avisar aos funcionários da padaria é preciso.

O lema da Bibliopote resume bem o pensamento de Martins: “Livros devem circular; Um livro fechado está adormecido; Se um livro acorda, uma pessoa acorda”.

Assim como o Flautista, a Bibliopote também tem atraído sua multidão. Segundo o site oficial do projeto, dos tais 50 títulos iniciais, com as várias doações que vieram ao longo dos anos, hoje já são cerca de 300-500 obras no acervo e mais de 4 mil em circulação. O jornalista deixa bem claro que já sabia desde o início que muitos livros iriam para nunca mais voltar. Pensando nisso, está carimbado em cada exemplar, uma pequena lista de regras que tem o objetivo de disseminar a ideia da Biblioteca Livre:

1 – Leve este livro para onde quiser durante o tempo necessário;
2 – Cuide dele. Depois de ler, devolva;
3 – Este livro não deve pertencer a ninguém;
4 – Se ele estiver em prateleira particular, leve-o, leia-o, passe-o adiante ou devolva à Biblioteca Pote de Mel;
5- Se quiser, doe um livro para a Biblioteca Pote de Mel.

Quer saber mais? Veja a palestra dada pelo idealizador da Bibliopote para a ONG TED em Curitiba:

Vimos no Livros e Afins

Ennio Rodrigues

Adoro as mais improváveis viagens que se pode imaginar a partir de um texto, até as divergentes. Não sou leitor precoce, mas tenho uma ótima arma: curiosidade. D’O Guia do Mochileiro das Galáxias ao Machado. Foi um amigo que disse certa vez e concordo: “nem que passasse a vida inteira a ler, terminaria todos os Clássicos! Em vez disso, prefiro apenas tentar encontrar livros que me tirem do lugar”.